quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O TIC-TAC...


O TIC-TAC...

Bem ao longe ouvia aquele barulho... O tic-tac do relógio chegava à lhe importunar... Parecia um som ecoando dentro de sua alma... Tic-Tac... Tic-Tac...
Tinha que decidir-se... Não havia mais tempo, pois o tempo naquele instante tornara-se seu inimigo.
A decisão teria que ser tomada. Tinha na verdade apenas duas opções, e infelizmente não sabia por qual delas decidir-se. Dúvida cruel. O que fazer, pensava!...E a angústia tomava conta do seu momento.
Na verdade, não estava bem. Sentia-se cansada.
O barulho tornava-se naquele instante ensurdecedor, parecendo querer furar seus tímpanos, dando-lhe a impressão que cobrava-lhe sua decisão. Sentia-se acuada, indecisa, a resposta tomava-lhe tempo, e o tempo desperdiçado pela indecisão, consumia o tempo que lhe restava. Maldito relógio, maldito tic-tac, maldito tempo sem tempo, pensava!..
O que faço?.. Será que me entenderão?... Qual justificativa darei?... Será correto agir assim?..
Esfrega os olhos com maior intensidade, olhando fixamente para o relógio e percebe que os segundos passaram tão rápidos, que consumiram alguns minutos.
Percebe que não podia esperar mais, tinha que decidir-se. O som do tic-tac avisava que o tempo naquele instante, corria contra o tempo.
Keila não sabia ainda o que fazer, estipulando ainda algum tempo de reflexão, para poder tomar a decisão certa. Tenta pensar e refletir. Tenta confabular consigo mesma, procurando a resposta certa e a atitude correta. E o relógio ali, incólume, fazendo o que apenas lhe foi ensinado. Tic-Tac!.. Som absurdo, de cobrança, de indecisão, insensível e incoerente. Som da passagem do tempo. Parou, pensou, resolveu e enfim decidiu-se.
Hoje eu não vou trabalhar!...

domingo, 1 de novembro de 2009

PAREI DE ESCREVER...



PAREI DE ESCREVER...

Bem em frente ao computador, antes mesmo de ligá-lo, tomo a decisão de parar de escrever. O meu íntimo me diz que todas as palavras antes escritas foram perdidas no tempo e no espaço.
Uma grande tristeza invade meu coração, como que tentando me dizer, de que nada valeu a pena.
De que adiantaram os conselhos aos mais jovens embutidos em contos, para que os mesmos percebessem o rumo certo à seguir?..
Para que serviram as inúmera poesias, com palavras escolhidas à dedo, tentando demonstrar que o amor é a única saída?...
Onde estarão os meus livros, que em noites e madrugadas, suas páginas eram preenchidas vagarosamente, com frases escolhidas, tentando expressar meus sentimentos?...
Para que serviram as crônicas, simples demonstrações de repúdio aos corruptos e inescrupulosos, enfatizando a bandeira da liberdade?..
Porque ter gastado tanto tempo em vão?...
Para que serviram tantas letras, palavras, frases e diálogos?...
Todos eles demonstraram o meu interior, de um homem obstinado pelo certo, pela vida, pela paz, pelo amor, pela fé, por Deus, pela alegria, pela esperança e tão somente pelo amor...
Em cada letra há um pedaço de mim, cada palavra escrita carrega o meu estado de espírito, cada frase formulada demonstra o meu ser e, cada diálogo transcrito um pouco da minha voz.
De que adiantaram as minhas tantas e diferentes experiências, em conseguir enfrentar a vida, se elas nem ao menos serviram de direção para alguns?..
De que adiantaram as rugas que agora carrego como um troféu, em ter conseguido vencer a mesquinharia de tantas pessoas, levantando a bandeira da paz e do amor?...
De que adiantaram os poucos cabelos que me restam, que agora esbranquiçados pelo tempo, revelam a idade da sapiência e da sabedoria?..
De que me serve a pele um pouco enrugada, na mais pura demonstração dos dias ensolarados enfrentados com força e coragem?..
De que adianta saber um pouco de tudo, vivenciado ano após ano, se muitos não tem mais tempo sequer para me ouvirem?...
Tristes ais, sofrimento demais!...
Parei de escrever...
Parei...
Pa...
Não!.. Não consigo!.. Nunca conseguirei!..
Escrever é minha vida...
Porque somos iguais, em quase nada, ou em quase tudo...
Porque choramos, sorrimos, ficamos tristes, fazemos planos, viajamos na imaginação, sonhamos...
Cada um de sua maneira...
E eu simplesmente escrevendo...